Capítulo 1 – A primeira manhã em que acordei diferente
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Hoje o sol entrou pela janela de um jeito estranho.
Não mais forte, nem mais bonito… apenas diferente.
Como se dissesse que o dia de hoje não seria igual aos outros.
Levantei devagar.
Havia algo em mim — um pressentimento, talvez —
de que algo novo estava prestes a começar.
O corpo parecia o mesmo, mas a alma…
a alma estava inquieta, leve e pesada ao mesmo tempo.
Uma mistura de medo e doçura,
como quem segura um segredo que ainda não sabe dizer em voz alta.
Fui até o espelho e olhei pra mim.
Por alguns segundos, tive a sensação de não me reconhecer.
Não era a mulher de ontem.
Algo em mim havia se transformado, mesmo que ninguém mais pudesse ver.
Durante o café, fiquei em silêncio.
Sentia um calor diferente dentro do peito —
não de febre, mas de presença.
Como se um pedacinho de mim estivesse sendo criado ali,
quietinho, invisível,
esperando o momento certo pra me avisar:
“Cheguei.”
E quando finalmente o vi…
duas linhas.
Duas linhas que cabem num pedaço de plástico,
mas carregam o peso de um novo mundo.
Chorei.
Não sei se foi de medo, de amor ou de espanto.
Talvez tenha sido de tudo isso junto.
É que ninguém te prepara pro momento em que você descobre que o seu corpo virou casa.
Casa de alguém que ainda nem sabe o seu nome,
mas já mora no seu coração.
Hoje eu acordei diferente.
E, pela primeira vez, entendi o que é recomeçar —
sem precisar que nada termine.
continua...
Cada vida que nasce, faz nascer também uma nova mulher.
Frederico Gomes Fotografia
Onde cada sentimento ganha luz, cor e eternidade.